"A nanotecnologia não é ficção científica, é a realidade". Foi desta forma que o investigador e orador internacional do Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia, Dmitri Y. Petrovykh, começou a sua palestra sobre os novos materiais e nanotecnologia. O investigador incidiu a sua apresentação sobre o conceito de nanotecnologia, começando por explicar “o quão pequenos são estes materiais” e as suas diversas aplicações, que podem ser ao nível “mecânico, eletrónico, magnético e até ótico”. Através da nanotecnologia, exemplificou, “é possível, na indústria têxtil, não só fabricar produtos que ocupam muito menos espaço, como também resistentes ou repelentes à água e com propriedades de secagem rápida, sendo o seu grau de eficiência térmica largamente aumentado”. Para outro tipo de indústrias, os nanomateriais permitem ainda conceber produtos “muito mais leves, o que é de extrema importância, por exemplo, na área do desporto”, dando como exemplo específico o fabrico de bicicletas e até de caneleiras. As indústrias química, farmacêutica e agroalimentar foram ainda referidas por Dmitri Y. Petrovykh como algumas das mais promissoras no que à aplicação de nanotecnologia diz respeito.
Por se tratar de uma área com grande representatividade na região do Ribatejo, a aplicação de nanotecnologia ao setor alimentar foi analisada ao detalhe. Miguel Cerqueira, de igual modo investigador do Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia, debruçou-se sobre esta questão, começando por afirmar que “existem na natureza inúmeros exemplos de nanoestruturas, como por exemplo, as patas da osga, com grande capacidade de aderência às superfícies, o bico do tucano, que embora grande é altamente leve, e até o leite. Consumimos, desde sempre, alimentos nanoestruturados. A diferença é que hoje, conseguimos analisá-los e estudar o seu comportamento”, fez saber.
O investigador afirmou, de seguida, que a nanotecnologia tem interagido, sobretudo, em três áreas: saúde e bem-estar, com trabalho ao nível da redução de sal e açúcar, sem retirar a perceção sensorial aos ingredientes, ao nível da substituição das gorduras saturadas dos alimentos e ainda ao nível da fortificação de alimentos, através da incorporação, por exemplo de micronutrientes; sustentabilidade, nomeadamente através de estudos relacionados com a produção de embalagens biodegradáveis, inteligentes e ativas (com efeitos sobre os alimentos); e, por fim no âmbito da área do envelhecimento e urbanização, com aplicabilidade ao nível da personalização, confirmação de autenticidade e digitalização.
No final das apresentações, muitas foram as questões levantadas pela plateia, que se mostrou visivelmente surpreendida pelas oportunidades que a nanotecnologia pode significar. O Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia, sediado em Braga, mostrou-se à disposição de todos os presentes para trabalhar caso a caso e ajudar a resolver e apoiar as intenções de incorporação de nanotecnologia por parte das empresas.
De referir que esta sessão de promoção da inovação foi realizada no dia 10 de outubro, ao abrigo do Ribatejo InovFin, projeto dinamizado pela NERSANT e financiado pelo COMPETE 2020 no âmbito do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, que visa promover a inovação como um instrumento fundamental para o aumento da competitividade das empresas, a promoção de estruturas financeiras mais equilibradas e a melhoria das condições de acesso ao financiamento por parte das PME.