"Viabilização de empresas e análise de investimentos" foi o mote para a realização de mais uma ação de literacia financeira do projeto financiado Ribatejo InovFin, e que desta vez esteve no Núcleo NERSANT do Sorraia, em Benavente, a capacitar as PME desta região.
Na sessão, liderada pelos especialistas convidados pela NERSANT, Marco Alves, da empresa Rácios Consulting e Virgílio Carvalho, da Cinepre, as empresas foram alertadas para os problemas associados aos grandes investimentos, nomeadamente o (sobre)endividamento.
A "viabilização de empresas" foi o tema analisado em primeiro lugar, tendo sido facultadas informações bastante pertinentes sobre a anatomia de uma falência, seguindo-se a perspetiva da banca e dos investidores, que acreditam que há quatro problemas que, se resolvidos, poderiam facilitar os processos de viabilização das empresas, nomeadamente o contacto tardio, a ausência de diagnóstico, a inexistência de um plano ou um plano pouco credível e ainda o (pouco) compromisso dos acionistas.
"As empresas não antecipam e, quando antecipam, adiam até à última hora para falar com a banca", disse Marco Alves na sessão, acrescentando que estas lacunas “aumentam significativamente a probabilidade de inviabilização de uma solução". De facto, acrescentou, "a rapidez de atuação na deteção dos problemas pode evitar situações sem retorno", pelo que as empresas devem ter "capacidade de antecipação e elaborar um diagnóstico que sirva para ter um entendimento claro do problema da empresa" e, a partir daí, trabalhar no plano de viabilização, que deve ser realista e bem fundamentado.
Ora, o que acontece é que, normalmente, "os planos apresentados têm vários problemas comuns, dos quais se destaca o crescimento milagroso. Estes planos têm menos chances de ser aprovados por exigirem mais capital e, quando aprovados, têm mais chances de ser incumpridos por terem sido (desnecessariamente) otimistas. A empresa deve ser realista na sua produção", advertiu Marco Alves, que passou a palavra logo de seguida a Virgílio Carvalho, que expôs às empresas "como analisar investimentos de forma a não fragilizar a saúde financeira das empresas".
Neste âmbito, o especialista focou-se no contexto da concessão de crédito, explicando que "o crédito às PME’s tem a vindo a cair, assim como os juros cobrados, e que a crise do sistema financeiro veio aumentar o peso das áreas de risco na decisão final de concessão de crédito. Por outro lado, a banca tem vindo a reduzir gradualmente pessoal e balcões, tendo menos meios para analisar propostas de crédito".
Neste contexto, alertou, "é cada vez mais crítico que as empresas saibam explicar e defender os seus projetos à banca. Estas acabam por sofrer, de uma maneira ou de outra, a falta de fundamentação dos seus projetos", pelo que é necessário fazer uma análise rigorosa dos seus investimentos, tendo em conta a exposição e o retorno e mitigando os riscos do investimento, o que resulta na "redução da incerteza". De seguida, o profissional explicou como pode este trabalho ser feito, com recurso a diversos casos práticos de empresas.
O workshop de capacitação do Ribatejo InovFin sobre "Planos de Viabilização e Análise de Investimentos" vai ainda ser replicado na região no dia 29 de outubro e no dia 05 de novembro.
De referir que o Ribatejo InovFin é um projeto financiado pelo COMPETE 2020 no âmbito do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional e que tem como objetivo promover a inovação como um instrumento fundamental para o aumento da competitividade das empresas, a promoção de estruturas financeiras mais equilibradas e a melhoria das condições de acesso ao financiamento por parte das PME.
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